Pedofilia: criminalidade
patológica ou patologização da criminalidade?
Josimara
Neves, psicóloga e escritora
(CRP-04/37147)
Marília Neves, professora e escritora
Quando se fala em condutas
que desviam do padrão de normalidade aceitável pela sociedade, sempre há
divergências ideológicas, afinal, dar o diagnóstico de pedófilo atestando ser
um transtorno sexual – parafilia – é uma coisa, porém, ser genitor de uma
criança que foi abusada é outra, bem diferente. Para a criança – vítima de
abuso sexual –, pouco importa se a pessoa que a violentou é doente, se é
pedófila, se tem má índole, se é um “monstro!” Ela foi forçada a fazer algo que
não queria, muitas vezes, nem sabia do que se tratava. Isso é crime!
Popularizou-se patologizar a criminalidade, e a sexualidade, por vezes, julgada
criminalizável e doentia, ganha vieses que suscitam debates, mas pouca
aplicabilidade se tem na prática.
Para discorrer sobre pedofilia,
é preciso antes de tentar entender o pedófilo, dar apoio às crianças, até
porque existem dados estatísticos que comprovam que “a maioria dos crimes
envolvendo atos sexuais contra crianças são realizados por pessoas que não são
consideradas clinicamente pedófilas, já que não sentem atração sexual primária
por crianças. Mundialmente, apenas um quarto dos abusos sexuais de crianças é
praticado por pedófilos. Esses abusos sexuais são praticados por pessoas que
simplesmente acharam mais fácil fazer sexo com crianças, seja enganando-as ou
utilizando de intimidação ou força” (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedofilia).
Portanto, mister se faz
haver leis sociais, legais, assim
como políticas públicas que protejam as
vítimas dos pedófilos, em vez de simplesmente falar sobre o assunto. Não
tiramos o mérito dos debates e nem almejamos colocar o pedófilo numa
subcategoria de ser humano. A crítica é que as estatísticas acerca dessa
perversão aumentam assustadoramente, as crianças têm suas vidas interrompidas,
a infância roubada, a esperança no futuro abalada, os traumas aumentados e pouco
se tem feito para punir os abusadores.
Por isso, a população deve
ser a porta-voz dessas crianças, seja ligando para o “disque 100” para
denunciar abusos infantis, levando os casos às instâncias competentes, divulgando
informações em redes sociais, protegendo uma criança que foi abusada, assim
como não sendo conivente com esse tipo de crime o qual denuncia o silêncio dos
inocentes!
Precisamos lutar por: Minas
Gerais sem pedofilia, Pará sem pedofilia, Amazonas sem pedofilia, um Brasil sem
pedofilia, enfim, um mundo sem pedofilia! Crianças sofrem em toda parte, muitas
vezes, tendo a cultura como aval de seu sofrimento.
O fato é que a pedofilia,
longe de ser meramente um transtorno, é um ato cujas questões sociais devem ser
repensadas, e os debates, passarem por um processo de despatologização da
criminalidade. Só assim, conseguiremos direcionar o olhar para quem –
efetivamente – precisa de atenção e proteção: as crianças!
Dizer “não” à pedofilia não basta! É preciso
lutar para que as crianças tenham seus direitos resguardados e sua
integridade mantida. Um país que não protege as suas crianças arruína o
futuro de sua nação! Josimara Neves
Impossível banalizar a pedofilia, fazer vistas
grossas perante os crimes sexuais contra as crianças. Chega de abafar a voz, sufocar
as dores e fingir que nada está acontecendo.
Precisamos reverter essa lastimável situação. Marília Neves
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