quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Psicoletrando


         A escola de sucesso

sucesso-escolar-do-seu-filho




  





               Fonte: http://batista.br/portal/?p=4914

Josimara Neves, psicóloga e escritora
                    (CRP-04/37147)
   Marília Neves, professora e escritora


Para que uma escola obtenha êxito, é primordial que sua equipe trabalhe de forma coesa, adote a mesma linha, “fale a mesma língua”, siga posturas similares e tenha metas bem delineadas.
No processo de ensino e aprendizagem, cada segmento da escola é peça fundamental e tem funções a desempenhar. Destacaremos alguns:
·         Aluno: é o sujeito da aprendizagem, o foco da escola. Precisa ser constantemente incentivado para avançar, para saber que pode mais. A ele cabe a incumbência de frequentar assiduamente as aulas, participando delas com entusiasmo, além de fazer todas as tarefas de sala, os deveres de casa e estudar com afinco.

·         Professor: é o mediador da aprendizagem, o responsável por fazer o plano de aula mediante os objetivos propostos para cada aula; encarregado de elaborar estratégias diferenciadas a fim de garantir a participação dos alunos no processo de construção do conhecimento. A ele cabe a responsabilidade de pesquisar, estudar continuamente, selecionar materiais que contribuam para o desenvolvimento dos discentes, usar a interdisciplinaridade quando possível, além de conhecer os seus alunos, detectar as dificuldades que possuem, fazer intervenções, elaborando aulas que promovam o avanço deles.

·         Especialista/supervisor: é o suporte pedagógico do professor. A ele cabe a responsabilidade de acompanhar as aulas dos professores, sugerir-lhes estratégias para que os alunos avancem na aprendizagem, promover reuniões periódicas com os docentes, além de conhecer o nível em que se encontram os alunos da escola a fim de intervir com propriedade. Também estabelecem um vínculo significativo com os pais e/ou responsáveis pelos alunos, pois conhecem a vida escolar dos discentes.  Por isso, precisa estudar, pesquisar, motivar os professores e lhes passar segurança. 

·         Diretor: é o gestor escolar, o coordenador de toda a equipe que trabalha na escola. Ele tem a difícil função de mobilizar os funcionários a trabalharem eficazmente, de forma cooperativa, participativa, buscando a excelência. A ele cabe a responsabilidade de acompanhar o trabalho dos professores, dos especialistas (ou supervisores), das merendeiras, dos funcionários da limpeza, além de organizar as reuniões que se fizerem necessárias, receber os pais/responsáveis e/ou chamá-los à escola quando preciso. Sendo a autoridade máxima da instituição de ensino, necessita ter um perfil diferenciado – liderança, empreendedorismo, comunicação eficaz, inteligências intra e interpessoal, dinamismo, criatividade, alteridade, dedicação exclusiva e capacidade de estudar continuamente.

·         Pais e/ou responsáveis: são o suporte emocional dos filhos.  A eles cabe a função de educar, de dizer sim e não nos momentos adequados, de ensinar valores, princípios, boas maneiras, de oferecer-lhes um norte religioso (independentemente de qual seja), além de acompanhar-lhes o desenvolvimento escolar, verificando cadernos, notas, tarefas de casa, horários de estudo, participando de reuniões e de eventos da escola. 

A escola deve ser um espaço de democracia, onde a alegria de aprender a aprender seja o mote para o sucesso – vocábulo que definimos como o cumprimento de projetos elaborados, a concretização de sonhos planejados, a execução de tarefas que promovem a autorrealização, o bem-estar físico e psicoemocional, o reconhecimento pelo trabalho feito, o prazer de viver intensamente.
Logo, a escola de sucesso é aquela que enxerga o aluno como ser dotado de inteligências múltiplas, capaz de progredir conforme seu próprio ritmo e mediante os estímulos oferecidos; vê o professor como profissional que executa as metas propostas para cada turma e os valoriza; trabalha com gana, com disciplina, com organização, com respeito e com planejamento. Enfim, (sendo redundante para enfatizar) a escola de sucesso é aquela que agrega o maior número de alunos bem-sucedidos, posto que, o sucesso da escola depende do sucesso do aluno.

 “A família educa; a escola partilha conhecimentos. A família oferece limites; a escola propicia interação. A escola e a família, portanto, mantêm uma relação estreita, a qual objetiva o sucesso do aluno/filho”. (Marília Neves)
“O sucesso tanto da escola quanto da família só é possível quando não se espera que a família supra as demandas oriundas da escola e esta, por sua vez, não tenha que desempenhar o papel que não é seu”. (Josimara Neves)


domingo, 25 de agosto de 2013

Psicoletrando




   
                                 A família de sucesso
    Josimara Neves, psicóloga e escritora  (CRP-04/37147)

   Marília Neves, professora e escritora

  


E como seria a família de “sucesso?”

Será que uma família de sucesso é aquela na qual todos os membros são bem-sucedidos profissional e financeiramente? Será que é a que não tem brigas ou discussões? Será que é a constituída nos moldes do modelo de família nuclear?
Sinceramente, inviável analisar o sucesso de uma família olhando-a sobre um único aspecto, sem levar em consideração as teias que se formam no interior dos lares e a multiplicidade de fatores que corroboram para torná-la bem-sucedida. Existem famílias que são bem-sucedidas financeiramente, mas são um fracasso no que tange à educação dos filhos – que sentem os pais ausentes tanto física quanto afetivamente .
Há famílias que estabelecem relações calorosas e afetuosas entre os seus membros, porém, os problemas oriundos de dificuldades econômicas ocasionam brigas, discussões e desentendimentos entre eles, desestabilizando as emoções.
Existem famílias cujos membros apenas habitam na mesma casa, todavia, parecem desconhecidos devido à falta de afinidades e de proximidade afetiva.
Há famílias que se toleram, mas não se suportam. Reúnem pessoas que não conseguem dialogar, comumente não sabem como estabelecer vínculo, realçam o lado negativo umas das outras, torcem contra, e não a favor dos familiares.
Enfim, no que diz respeito ao progresso da família, vale lembrar que não é como dar uma receita de bolo, com ingredientes estipulados e o manual contendo o modo de fazer. Não é tão simples assim! Para uma família ser bem-sucedida, é importante que:
·         As relações sejam pautadas no respeito, na compreensão do outro e dos limites de cada um;
·         Desenvolva a capacidade empática de se colocar no lugar do próximo, adquirir a prontidão para ouvir seja a mãe – cansada pela duplicidade de tarefas dentro e fora do lar –; o marido, que carrega o peso de ter que ser forte porque a sociedade assim instituiu; os filhos, que se sentem sobrecarregados pelo excesso de tarefas escolares e devido às pressões sociais (questionamentos sobre qual a profissão a seguir, como será o futuro – que ainda não chegou e que nem se sabe se chegará –, entre outras).
·         Haja espaço para falar de assuntos que não sejam só cobranças (Já fez o dever? Já pagou a conta de luz? Já consertou a televisão?). Destinar um momento para se descontrair é uma forma de envolver a família, integrá-la, a fim de oferecer segurança para que os integrantes do arranjo familiar possam sentir: “aqui em casa tem muita bagunça, mas a gente se diverte, é feliz!”
·         Inclua uma religião ou uma crença no cotidiano familiar para que tenham um suporte a mais diante dos momentos difíceis. Vale ressaltar que pode ser qualquer religião, pois o importante é o bem-estar familiar. Caso não seja possível mobilizar todos os membros, pode-se fazer uma leitura de textos religiosos, mensagens positivas e de reflexão, uma vez por semana, em dia e horas programados envolvendo toda a família.
·         Tenha tempo para curtir a presença dos membros familiares, mostrando afetividade e carinho, nem que seja enquanto se assiste a um filme, no preparo de um almoço, no intervalo da novela ou do jogo etc.
·         Esteja mais disponível para a família do que para o facebook, as redes sociais e a internet de modo geral, os jogos, o celular, o trabalho. O tempo dedicado à família é um investimento que se faz e cujo retorno é deveras gratificante.
·         Aprenda a sonhar junto, ou melhor, a construir sonhos coletivamente. Incentivem-se uns aos outros, sejam parceiros, companheiros, amigos,  quando necessário. Muitas vezes, a mulher quer ser vista em sua fragilidade; o homem não quer ser forte constantemente; a criança não quer ser “policiada” sempre; o adolescente não quer ser questionado com frequência; o adulto quer brincar ou descontrair para minimizar as tensões do mundo “adulto”; o idoso não quer se lembrar dos seus cabelos brancos e das rugas que têm. Compreender isso é significativo para entender a forma como cada membro atua nas relações familiares.
Portanto, é primordial que cada pessoa reconheça o seu papel no contexto familiar, refletindo sobre atitudes, visando à mudança de comportamento, que, porventura, tenha identificado como óbice para uma convivência mais harmônica, respeitosa, feliz!
Numa família, seja monoparental, extensa, aglutinada, não é o arranjo familiar o que mais importa, mas sim, os vínculos estabelecidos, a afetividade, o respeito, a tolerância, o diálogo, enfim, o querer bem um ao outro. Tais componentes, e bem ajustados em doses diárias, é uma “boa receita” de sucesso familiar.


Os problemas sempre existirão, as dificuldades e as diferenças também, mas o que faz uma família ser bem-sucedida é a capacidade de dar a volta por cima e se ajudar mutuamente para atingir a superação, o sucesso, o apogeu! A resiliência, no contexto familiar, também é um ingrediente para o sucesso”. (Josimara Neves)
 






“A família bem-sucedida constrói seu alicerce no respeito, na alteridade, levanta paredes revestidas do diálogo necessário, acende a luz da esperança que impulsiona os seus moradores a progredir. Tal instituição forma um lar, pois não se preocupa apenas com a estrutura física, cuida do sol que alimenta os corações de cada membro que nela vive: a afetividade.” (Marília Neves)

Obs: os textos contidos aqui são publicados semanalmente no Jornal do Sudoeste(http://www.jornaldosudoeste.com.br), na coluna "Psicoletrando."


 




domingo, 18 de agosto de 2013

Psicoletrando - Trote



Psicoletrando
Trote estudantil violento: prática que hostiliza o ser humano
                                                             Josimara Neves, psicóloga e escritora
                       (CRP-04/37147)
   Marília Neves, professora e escritora

Estamos em 2013 e determinados “universitários” continuam agindo de forma primitiva. Os chamados veteranos, estudantes que já ingressaram no ensino superior, parecem se divertir com cenas baixas e situações vexatórias a que submetem os calouros, alunos novatos.
             Para agitar a festinha ofertada aos que iniciam o ensino superior, os veteranos que se comprazem com essa prática obrigam os ''bixos” e as “bixetes” a ingerirem bebida alcoólica, a tomarem excessiva quantidade de água ou outras substâncias misturadas, as quais provocam vômito e afetam o estômago. Não bastasse isso, muitas vezes, jogam água fervendo e spray de pimenta nas costas dos novatos, obrigam-nos a vestir roupas que os constrangem ou mesmo a ficarem nus perante uma “seleta plateia” que se regozija em apontar-lhes  seus  defeitos físicos, assediando-os moral ou sexualmente. É o chamado “trote universitário ou trote estudantil”.
            Será que tal comportamento é condizente com o nível de ensino que os universitários possuem?
            Quem são os líderes do trote? Qual o seu perfil? Como foram criados? Quais suas crenças? Que valores possuem? Como persuadem os colegas a também realizarem o trote?
            O que leva os alunos a sentirem prazer diante do sofrimento alheio?
            O que as faculdades e universidades fazem a respeito do trote?
            De que forma as autoridades trabalham para coibir o trote?
            O trote é uma brincadeira ou um ato de violência?
            O que nós fazemos a respeito do trote?
            Já basta! Chega de bater palmas para os playboyzinhos inescrupulosos que mandam e desmandam na classe mais fraca, que vivem ostentando um glamour que não possuem, que corrompem o sistema, burlam as regras, ficam impunes e ainda são “financiados por pais displicentes, os quais preferem fingir que está tudo bem e comprar os filhos com brinquedinhos, objetos tecnológicos de última geração e um carro do ano quando são aprovados no ensino superior (qualquer instituição de ensino serve, desde que o status familiar seja garantido)!
            Chega de fingir que o caso não é conosco, que não nos diz respeito, que é bonito queimar o corpo dos calouros, intimidá-los com ameaças, torturá-los com palavras ofensivas, coagi-los em vez de parabenizá-los pela aprovação no vestibular!
            Chega de omissão, de alienação, de passividade!
            É necessário nos mobilizarmos a fim de extinguirmos o trote violento, punindo severamente  aqueles que teimam em tiranizar, escarnecer e machucar os que ingressam no ensino superior.
            O trote estudantil violento não é uma brincadeira de mau gosto, é crime e, portanto, requer denúncia, sanções adequadas e processos contra os alunos infratores, que deverão ser suspensos e até expulsos das instituições de ensino.
            Sentimo-nos frustrados por saber que, em nosso país, existem jovens que se assemelham a verdadeiros ditadores, disseminam ideias ignóbeis e levantam a pseudobandeira desse tipo de trote como forma de aproximação, de união entre os veteranos e os calouros, como se fosse possível conceber uma relação saudável entre opressor e oprimido.
            São nojentos os episódios de violência física ou psicológica, os quais mascaram uma alegria que não existe, tanto para os que praticam o trote (pessoas malresolvidas, que precisam mostrar que estão no poder a fim de atraírem público ou mesmo conseguirem ter “amizade” – bajuladores que vivem à sua custa por algum interesse pessoal) quanto para os que o sofrem, que, por sinal, não devem se render ao medo de serem excluídos caso não permitam fazer parte desse sistema estúpido.
            Segundo o professor do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura (Esalq), Antônio Ribeiro de Almeida Júnior , o fim dos trotes depende de ações mais enérgicas das universidades. No entanto, ele não vê vontade das instituições. "As universidades não estão interessadas em resolver a questão e disfarçam propondo trotes solidários e culturais. Existe muita maquiagem. Se a universidade quiser, tem poder e instrumentos para acabar com o trote”. (http://g1.globo.com/educacao/noticia/2013/03/trote-universitario-nao-e-tradicao-e-relacao-de-poder-diz-especialista.html/ Acesso em 18/07/13).
                Logo, se almejamos um país onde a educação seja sinônimo de criticidade, polidez, instrução, competência, cultura e cidadania, precisamos lutar contra ações medíocres – como o trote desprovido de sensatez e carregado de desejos vis – , as quais envergonham os brasileiros conscientes que estudam e trabalham a fim de se melhorarem a cada dia, contribuindo para o progresso da nação.
“Quando o ser humano permite que a ânsia pelo poder denigra a imagem d’aqueles que se encontram em condições desfavoráveis, assemelha-se aos animais irracionais. Portanto, imperativo que a consciência saiba discernir entre alegria real e projeções de venturas momentâneas tais como o trote violento”. (Marília Neves)
“O trote seria um ritual de passagem importante se não fosse tão mal executado como tem ocorrido ultimamente. Assim como o que diferencia o remédio do veneno é a dosagem, no trote, o que diferencia a brincadeira da desordem é o grau de intencionalidade do que se faz”. (Josimara Neves)